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Terezinha mostra as árvores plantadas na rua de sua casa no Bairro da Graça |
Substituição de fios comuns por protegidos e o remanejamento das plantas são as soluções executadas pela Cemig em Belo Horizonte
Aos 81 anos, Terezinha de Assis Machado rega todos os dias as árvores do outro lado da rua onde mora, no bairro da Graça, região Nordeste de Belo Horizonte. As sibipirunas foram plantadas lá há mais de um ano, para substituir castanheiras que ficavam no passeio de sua casa. As plantas anteriores se encostavam à rede elétrica e causavam problemas. “Elas balançavam muito e batiam no fio, dava aquele fogo”, lembra.
As árvores de Terezinha foram remanejadas pelo Programa Especial de Manejo Integrado de Árvores e Redes (Premiar), da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), criado em 2009 para evitar que o contato das árvores com a rede elétrica gere transtornos, como falta de energia.
As novas mudas devem alcançar a altura mínima de 2,5 metros. Mais de cinco mil já foram plantadas na capital. “A Cemig acompanha durante um ano o desenvolvimento dessas árvores, indo ao local conferir se elas estão crescendo de forma saudável”, explica o coordenador do Programa Premiar, Carlos Alberto Sousa.
Além da poda e da manutenção realizadas quando necessário, está sendo feito, em parceria com a prefeitura de Belo Horizonte, um cadastramento de todas as árvores da cidade e uma avaliação do risco que elas podem representar. Desde a implantação do programa, o número de quedas de árvore caiu 28% durante chuvas e tempestades.
“A Cemig capacitou profissionais e contratou engenheiros florestais e arboristas, que avaliam as árvores e desenvolvem estudos e métodos para compatibilizar a arborização com a rede de transmissão elétrica”, afirma Carlos Alberto. O projeto, bem-sucedido em Belo Horizonte, foi implantado em Contagem no mês passado e pode ser expandido para outras cidades mineiras que precisarem melhorar o convívio entre plantas e fios.
Com ajuda de vizinhas como Terezinha, o trabalho fica mais fácil. Das dez árvores da rua, ela rega três diferentes por dia, atenta para que nenhuma fique muito tempo sem receber água. “Se fosse mais nova, conseguiria molhar todas no mesmo dia. Como não sou, faço o que posso”, comenta, sorridente.
As sibipirunas estão crescendo e embelezando a rua do bairro. A cuidadosa Terezinha está ansiosa pelas flores amarelas que brotarão nas árvores. “A rua ficou mais iluminada com a mudança das árvores para o outro lado da rua, onde não existem postes. Isso aumentou a segurança para dos moradores”, completa.
De acordo com o coordenador do Programa Premiar, Carlos Alberto Sousa, além do remanejamento das árvores, o projeto troca os fios de rede elétrica comum por redes protegidas. As redes isoladas, como são chamadas, podem ficar em locais onde a arborização é densa, permitindo que a árvore toque os fios sem causar danos. A árvore pode crescer com o mínimo de intervenções. O Premiar já investiu aproximadamente R$ 5,5 milhões em 60 km de fiação protegida.
Para Carlos, outra solução seria a implantação da rede subterrânea, mas ela daria certo apenas se houvesse um planejamento urbano apropriado. Em Belo Horizonte, seria preciso destruir passeios e raízes de árvores seriam comprometidas. “Muitos dizem que a rede aérea é de terceiro mundo. Isso é uma falácia. Em outros países, como os Estados Unidos, elas são muito comuns, porém são feitas com planejamento, em vias secundárias”, explica.